O HOMEM NO MUNDO
“O conceito de relações , da
esfera puramente humana guarda em si,como veremos, conotações de pluralidade,
de transcedência, de criticidade, de conseqüência e de temporalidade. As
relações que o homem trava no mundo(pessoais, impessoais, corpóreas,
incorpóreas)apresentam uma ordem tal de características’que as distinguem
totalmente dos puros contactos típicos da esfera animal.Entendemos que, para o
homem o mundo é uma realidade objetiva,independente dele, possível de ser
conhecida. É fundamental, contudo, partirmos de que o homem, ser de relações e
não só de contactos, não apenas está no mundo mas com o mundo.Estar com o mundo
resulta de sua abertura à realidade, que o faz ser o ser de relações que é”.
Somente o homem em sua
pluralidade, respondendo aos desafios que o mundo apresenta,organiza-se,escolhe
a melhor resposta e age. Além disso ele tem a possibilidade de transcender ligando-se à sua
própria finitude, do ser inacabado que é, e cuja plenitude se acha na ligação
com o seu criador. Donde religião-religare- que
encarna este sentido transcendental das relações do homem, jamais deva
ser um instrumento de sua alienação. Por ser finito e indigente, tem o homem na
transcendência,pelo amor, o seu retorno à sua fonte que o liberta...
Descobrindo sua
temporalidade quando, varando o
tempo,descobre o ontem ,o hoje, e o amanhã ele supera a unidimensionalidade e
se conscientiza de sua historicidade. Como nos diz Kahler,”herdando
a experiência adquirida, criando e recriando, integrando-se às condições de seu
contexto, respondendo a seus desafios, objetivando-se a si próprio,
discernindo, transcendendo, lança-se o homem num domínio que lhe é exclusivo- o
da história e o da cultura.
Freyre distingue ao situar o " homem no mundo”o conceito de acomodação
ou ajustamento, comportamento próprio da esfera dos contactos, considerado
sintoma de sua desumanização, o conceito de integração ao qual dá ênfase. Através
da integração que se aperfeiçoa à medida que a consciência se torna crítica, o
homem se torna sujeito da história e da cultura, como domínios exclusivamente
seus....Uma época histórica representa uma série de aspirações, de anseios, de valores,Quanto
mais dinâmica uma época na gestação de seus temas próprios, tanto mais difícil
será a captação crítica e interferência para que a nossa passagem por ela não
seja apenas acomodação a prescrições alheias.
Ao colocar esta distinção, Freyre
procura estabelecer a criticidade necessária para uma sociedade em mudança, ou em transito, ressaltando a importância da educação. Fala-nos da necessidade de
uma educação que “por ser educação deveria ser corajosa, propondo ao povo a
reflexão sobre si mesmo, sobre seu tempo, sobre suas responsabilidades, sobre seu
papel. Ainda para Freyre,”na medida em
que o homem com o seu poder de captação e respostas e de sugestão às
questões , aumenta seu poder de
dialogação, não só com outros homens, mas com o mundo , ele se
“transitiva”.Essa transitividade implica o seu compromisso total. De uma
transitividade ingênua, caracterizada pela simplicidade na interpretação dos
problemas o homem chegará à transitividade crítica, através de uma educação
“dialogal” e ativa voltada para a responsabilidade social e política,
caracterizando-se pela profundidade na
interpretação dos problemas”.
BIBLIOGRAFIA :
Freyre,Paulo, A educação como
prática da liberdade. p.86.