terça-feira, 9 de setembro de 2014

Paulo Freyre e a educação

  
O HOMEM NO MUNDO


“O conceito de relações , da esfera puramente humana guarda em si,como veremos, conotações de pluralidade, de transcedência, de criticidade, de conseqüência e de temporalidade. As relações que o homem trava no mundo(pessoais, impessoais, corpóreas, incorpóreas)apresentam uma ordem tal de características’que as distinguem totalmente dos puros contactos típicos da esfera animal.Entendemos que, para o homem o mundo é uma realidade objetiva,independente dele, possível de ser conhecida. É fundamental, contudo, partirmos de que o homem, ser de relações e não só de contactos, não apenas está no mundo mas com o mundo.Estar com o mundo resulta de sua abertura à realidade, que o faz ser o ser de relações que é”.

Somente o homem em sua pluralidade, respondendo aos desafios que o mundo apresenta,organiza-se,escolhe a melhor resposta e age. Além disso ele tem a possibilidade de transcender   ligando-se à  sua própria finitude, do ser inacabado que é, e cuja plenitude se acha na ligação com o seu criador. Donde religião-religare- que  encarna este sentido transcendental das relações do homem, jamais deva ser um instrumento de sua alienação. Por ser finito e indigente, tem o homem na transcendência,pelo amor, o seu retorno à sua fonte que o liberta...

Descobrindo sua temporalidade  quando, varando o tempo,descobre o ontem ,o hoje, e o amanhã ele supera a unidimensionalidade e se conscientiza  de sua  historicidade. Como nos diz Kahler,”herdando a experiência adquirida, criando e recriando, integrando-se às condições de seu contexto, respondendo a seus desafios, objetivando-se a si próprio, discernindo, transcendendo, lança-se o homem num domínio que lhe é exclusivo- o da história e o da cultura.

Freyre distingue ao situar o " homem no mundo”o conceito  de acomodação ou ajustamento, comportamento próprio da esfera dos contactos, considerado sintoma de sua desumanização, o conceito de integração ao qual dá ênfase. Através da integração que se aperfeiçoa à medida que a consciência se torna crítica, o homem se torna sujeito da história e da cultura, como domínios exclusivamente seus....Uma época histórica representa uma série de  aspirações, de anseios, de valores,Quanto mais dinâmica uma época na gestação de seus temas próprios, tanto mais difícil será a captação crítica e interferência para que a nossa passagem por ela não seja apenas acomodação a prescrições alheias.

Ao colocar esta distinção, Freyre procura estabelecer a criticidade necessária para uma sociedade em mudança, ou em transito, ressaltando a importância da educação. Fala-nos da necessidade de uma educação que “por ser educação deveria ser corajosa, propondo ao povo a reflexão sobre si mesmo, sobre seu tempo, sobre suas responsabilidades, sobre seu papel. Ainda para Freyre,”na medida em  que o homem com o seu poder de captação e respostas e de sugestão às questões , aumenta seu poder de dialogação, não só com outros homens, mas com o mundo , ele se “transitiva”.Essa transitividade implica o seu compromisso total. De uma transitividade ingênua, caracterizada pela simplicidade na interpretação dos problemas o homem chegará à transitividade crítica, através de uma educação “dialogal” e ativa voltada para a responsabilidade social e política, caracterizando-se pela  profundidade na interpretação dos problemas”.



BIBLIOGRAFIA :

Freyre,Paulo, A educação como prática da liberdade. p.86.








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